Neste mês de maio do ano jubileu centenário da Diocese, realizaremos a Semana Eucarística, por ocasião da Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi). Queremos recordar também nesta ocasião o memorável Congresso Eucarístico Diocesano promovido por Dom Paulo de Tarso Campos (1941), segundo Bispo da Diocese, e reafirmar a centralidade da Eucaristia na vida de nossa Igreja.

A Eucaristia é nosso grande tesouro. “Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa” (CIC,n. 1324). A Eucaristia é “fonte e ápice de toda a vida cristã” (LG 11), pois ela realiza a comunhão de vida com Deus e com os irmãos, no mistério do corpo místico de Cristo. Ela é o memorial da Páscoa de Cristo, e atualiza para a nossa vida a obra da salvação realizada pela Vida, Morte e Ressurreição de Cristo. Ela é alimento de vida, pela comunhão do Corpo e o Sangue de Cristo, alimento de vida eterna. “Em síntese, a Eucaristia é o resumo e a súmula da nossa fé” (CIC, 1327).

É um tesouro inesgotável! Entre inúmeros aspectos, em sintonia com o processo sinodal que estamos vivendo na Igreja, vamos ressaltar nesta semana eucarística, o aspecto da fraternidade e da unidade, como definimos no lema: “Um só coração e uma só alma: Eucaristia, sacramento da unidade, fazei-nos missionários da fraternidade”.

“A Eucaristia faz a Igreja” como unidade do corpo Místico de Cristo.

O Catecismo cita também Santo Agostinho para ressaltar a relação entre a Eucaristia e a unidade dos cristãos: “Ó sacramento da piedade! Ó sacramento da unidade! Ó vínculo da caridade”! Quanto mais dolorosas se fazem sentir as divisões da Igreja que rompem a comum participação à mesa do Senhor, tanto mais prementes são as orações ao Senhor para que voltem os dias da unidade completa de todos os que nele creem” (CIC, n. 1398).

Estamos vivenciando o processo sinodal, que nos recorda esta identidade profunda da Igreja como corpo místico de Cristo. Já no século VI, São Fulgêncio, Bispo de Ruspe, escrevia sobre o Eucaristia como sacramento da unidade e da caridade: “A edificação espiritual do corpo de Cristo realiza-se na caridade, segundo as palavras de São Pedro: Como pedras vivas, formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, afim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo (1Pd 2,5). Esta edificação espiritual atinge sua maior eficácia no momento em que o próprio Corpo do Senhor, que é a Igreja, no sacramento do pão e do cálice, oferece o corpo e o sangue de Cristo: o cálice que bebemos é a comunhão com o sangue de Cristo; e o pão que partimos, é a comunhão com o corpo de Cristo. Porque há um só pão, nós todos participamos desse único pão (cf. 1Cor 10,16-17). Por isso pedimos que a mesma graça que faz da Igreja o Corpo de Cristo, faça com que todos os membros, unidos pelos laços da caridade, perseverem firmemente na unidade do corpo. E com razão suplicamos que isto se realize em nós pelo dom daquele Espírito que é ao mesmo tempo o Espírito do Pai e do Filho; porque sendo a Santíssima Trindade, na unidade de natureza, igualdade e amor, o único e verdadeiro Deus, é unânime a ação das três Pessoas divinas na obra santificadora daqueles que adota como filhos.

Eis por que está escrito: O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5). O Espírito Santo, que é unidade do Pai e do Filho, realiza agora naqueles a quem concedeu a graça da adoção divina, transformação idêntica à que realizou naqueles que receberam o mesmo Espírito, conforme lemos no livro dos Atos dos Apóstolos: A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma (At 4,32). Quem fez dessa multidão dos que creram em Deus um só coração e uma só alma, foi aquele Espírito que é unidade do Pai e do Filho e com o Pai e o Filho é um só Deus. Por isso, o Apóstolo exorta a conservarmos com toda a solicitude esta unidade do espírito no vínculo da paz, quando diz aos efésios: Eu, prisioneiro no Senhor, vos exorto a caminhardes de acordo com avocação que recebestes: com toda a humildade e mansidão, suportando-vos uns aos outros com paciência, no amor.

Aplicai-vos a guardar a unidade do espírito pelo vínculo da paz. Há um só Corpo e um só Espírito (Ef 3,1-4). Deus, com efeito, enquanto conserva na Igreja o amor que ela recebeu pelo Espírito Santo, transforma-a num sacrifício agradável a seus olhos. De modo, que, recebendo continuamente esse dom da caridade espiritual, a Igreja possa sempre se apresentar como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus”.

Como é atual esta pregação. Ninguém diga, portanto, que a Igreja sinodal é um modismo dos tempos atuais. Na realidade, é a Igreja de todos os tempos, a Igreja fiel a Cristo, enquanto continuar sendo neste mundo sacramento de seu corpo místico!