“Vem, Senhor Jesus” (Ap 22,20). Esta invocação que se encontra no final do livro do Apocalipse é muito expressiva para a espiritualidade do Advento que nos leva a vivenciar a alegre expectativa da vinda do Senhor: o Senhor que veio, que virá, e que continua vindo sempre ao nosso encontro.
Preparamos a celebração do Natal, e fazemos memória do mistério da Encarnação de Jesus Cristo. Deus veio habitar entre nós e nunca nos deixou, pois conforme Cristo prometeu, continua a acompanhar-nos e conduzir-nos pelo Espírito Santo.
No presépio contemplamos a realidade misteriosa da encarnação de Cristo. Na vida da Igreja e nos acontecimentos do Reino contemplamos sua presença constante em nosso meio. Na oração, e especialmente na Liturgia, contemplamos como na transfiguração do Tabor, o Senhor glorioso e a vitória de seu Reino, discernindo os sinais de sua presença.
Grande acontecimento da manifestação da presença do Senhor nos dias atuais da Igreja é o Sínodo por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão. No presépio da vida atual somos chamados a contemplar o Senhor nesta realidade.
Como nos aproximamos dele? Como Maria e José escolhidos para participar então intimamente do mistério da salvação? Como os pastores que buscam luz na noite escura e fria? Como os anjos que glorificam incessantemente a Deus e anunciam a paz que a presença do Senhor traz? Como os reis magos que se deixam guiar pela estrela como um sinal claro, visível por todos, mas que só eles entendem seu significado mais profundo? Ou nós não conseguimos reconhecer sua nova forma de presença na Igreja? Ou o rejeitamos como os que não tem lugar em sua casa para acolher este peregrino? Ou somos também mal-intencionados, e, como o rei Herodes, temeroso do novo, só desejamos eliminá-lo?
O presépio de nosso coração deve ser preparado hoje com elementos de uma cultura da sinodalidade, que tem como base a dignidade batismal que nos irmana a todos em Cristo, e nos faz superar clericalismos, preconceitos, discriminações e outras atitudes ou ações que provocam divisões no corpo de Cristo.
O presépio sinodal da Igreja será ornamentado com Josés e Marias, com Anjos e Pastores, com Reis Magos, personagens tão diferentes, mas que expressam bem os vários ministérios na Igreja. Todos estão fascinados por Cristo e dispostos a anunciá-lo como o salvador, o príncipe da paz!
O Natal quer reafirmar que a estrela está chamando e apontando para o Cristo que se manifesta hoje numa Igreja Sinodal. De fato, a Igreja é sinal e instrumento de Cristo e de seu Reino no mundo.
José e Maria estavam lá! Os pastores compareceram, respondendo ao chamadodos anjos. Os Magos chegaram lá após longa caminhada, com mudança de rota, que pode significar bem um processo de conversão para encontrar o Senhor.
Feliz Natal, com a paz do Senhor aos seus amados!