Nossa diocese está dando continuidade ao Plano Diocesano de Evangelização (PDE) com o compromisso de implementação do Sínodo, para CRESCER COMO IGREJA SINODAL”. A espiritualidade sinodal é base e fundamento para esse processo.
“O coração da sinodalidade” é o título da primeira parte das conclusões do Sínodo. Tudo começa com o Batismo, raiz sacramental do Povo de Deus como sacramento de unidade e harmonia. É a partir dessa realidade que se aprofunda o significado e as dimensões da sinodalidade, com suas expressões de comunhão, participação e missão. A espiritualidade sinodal é apresentada então como elemento fundante e sustentador da vida e da missão da Igreja, e torna-se também profecia social.
A sinodalidade não pode ser reduzida a um expediente organizacional, por isso, é necessário reconhecer a primazia da graça para alcançar a renovação da comunidade cristã. A profundidade espiritual pessoal e comunitária da sinodalidade está em “experimentar como a prática do novo mandamento do amor mútuo é um lugar e uma forma de encontro com Deus” (n. 44).
É por isso que o Sínodo insiste sobre a necessidade da conversão, porque ser Igreja sinodal está na linha da dinâmica da vida no Espírito. “A sinodalidade é, antes de tudo, uma disposição espiritual que permeia a vida cotidiana dos batizados e todos os aspectos da missão da Igreja. Como o Papa Francisco afirmou no Discurso de Abertura desta Segunda Sessão, ‘o Espírito Santo é um guia seguro, e nossa primeira tarefa é aprender a discernir Sua voz, porque Ele fala em tudo e em todas as coisas’”. (n. 43).
A espiritualidade sinodal que brota da ação do Espírito Santo, “requer a escuta da Palavra de Deus, a contemplação, o silêncio e a conversão do coração” (idem). Devemos reconhecer que a escuta da Palavra de Deus, a contemplação e o silêncio não são práticas comuns no cotidiano da vivência de nossa fé como católicos, não é verdade? Talvez por isso também se torne mais difícil a experiência da conversão para a sinodalidade.
O documento das conclusões do Sínodo aponta também outras exigências para uma espiritualidade sinodal, como o ascetismo, a humildade, a paciência e a prontidão para perdoar e ser perdoado. “Ela acolhe com gratidão e humildade a variedade de dons e tarefas distribuídos pelo Espírito Santo para o serviço do único Senhor (cf. 1 Cor 12,4-5). Faz isso sem ambição ou inveja, nem desejo de dominação ou controle, cultivando os mesmos sentimentos de Cristo Jesus, que ‘esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo’ (Fp 2,7). Reconhecemos o fruto quando a vida cotidiana da Igreja é marcada pela unidade e pela harmonia na pluriformidade” (ibidem).
Outro fruto que se espera da renovação sinodal é o reconhecimento dos erros e “a necessidade de cura, reconciliação e reconstrução da confiança dentro da Igreja, em particular na sequência de demasiados escândalos ligados a diversos tipos de abusos, e no seio da sociedade (n. 46).
Para crescer no caminho de espiritualidade autêntica, o Sínodo lembra que “precisamos de acompanhamento e apoio, incluindo formação e direção espiritual, como indivíduos e como comunidade” (n. 43)
Neste sentido, o Sínodo inaugurou e recomenda também outro instrumento muito útil para a espiritualidade sinodal, que é a prática da conversação no Espírito. Esta é apresentada como uma ferramenta que permite “a escuta e o discernimento ‘do que o Espírito diz às Igrejas’ (Ap 2,7)... que tem sido “vivida como um caminho de renovação que transforma as pessoas, os grupos e a Igreja. Trata-se de um dado antropológico que se encontra em diferentes povos e culturas, unidos pela prática de se reunirem solidariamente para tratar e decidir as questões vitais para a comunidade. A graça leva ao cumprimento desta experiência humana: conversar ‘no Espírito’ significa viver a experiência da partilha à luz da fé e da procura do querer de Deus, em uma atmosfera evangélica na qual o Espírito Santo pode fazer ouvir a sua voz inconfundível” (n. 45).